segunda-feira, 4 de junho de 2012

Superfluo


A volta para casa era sempre estranha. Não entendo o que podia haver de tão extraordinário. E aquela volta para casa foi ainda mais diferente.

Liguei. Não atendeu. Triste, mas talvez não para mim.

O vento balançava a grama e as árvores dos campos em volta. Tinha um passarinho branco também, que resolveu pousar justamente na palmeira daquela casa.

Daquela mesma. Ela estava para alugar. Estranho. Imagine só que eu mesma já estive ali, e a propósito, várias vezes. Será que seria uma maneira de apagar tudo o que passou? Não faz sentido alugar aquela casa.

A veneziana da janela batia e eu não conseguia enxergar o que podia estar lá dentro. Será que ainda teria alguém?

O passarinho branco levantou vôo e pousou no campo. Não havia maneira de desperdiçar aquele vento. As árvores e a grama dançavam. O que estragava era aquele lago... Tão poluído! Deveriam cuidar mais dele.

Talvez aquele lago fosse apenas o reflexo daquela casa. Deveriam limpar aquela casa, estava poluída. Deveriam limpar os corações daquela casa, alugá-la não é a melhor forma de esquecer.