A volta para casa era sempre
estranha. Não entendo o que podia haver de tão extraordinário. E aquela volta
para casa foi ainda mais diferente.
Liguei. Não atendeu. Triste, mas
talvez não para mim.
O vento balançava a grama e as
árvores dos campos em volta. Tinha um passarinho branco também, que resolveu
pousar justamente na palmeira daquela casa.
Daquela mesma. Ela estava para
alugar. Estranho. Imagine só que eu mesma já estive ali, e a propósito, várias
vezes. Será que seria uma maneira de apagar tudo o que passou? Não faz sentido
alugar aquela casa.
A veneziana da janela batia e eu
não conseguia enxergar o que podia estar lá dentro. Será que ainda teria
alguém?
O passarinho branco levantou vôo
e pousou no campo. Não havia maneira de desperdiçar aquele vento. As árvores e
a grama dançavam. O que estragava era aquele lago... Tão poluído! Deveriam
cuidar mais dele.
Talvez aquele lago fosse apenas o
reflexo daquela casa. Deveriam limpar aquela casa, estava poluída. Deveriam
limpar os corações daquela casa, alugá-la não é a melhor forma de esquecer.